sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O CORINTHIANO: TAL PAI, TAL FILHO


Não sei dizer desde quando sou corinthiano. Quando me conheci já era. Mas eu sei exatamente o por quê da coisa. Meu pai. Ele nunca me levou ao estádio, nunca me comprou uma camisa do time, nunca me ensinou a cantar o hino, nunca me disse uma escalação, nada. Talvez porque ele mesmo nunca fora ao estádio, nem tivera uma camisa, acho que não sabia cantar o hino e acredito que nunca soube a escalação do time algum dia. Mas era corinthiano de coração e isso eu soube desde que comecei a entender as coisas do futebol.
Eu era apenas um garoto nos anos 70 e as coisas não eram nada boas para o Corinthians naqueles dias. Havia muito não ganhava nenhum título importante e meu pai sofria como qualquer corinthiano da época. E foi assim, por solidariedade a meu pai que me tornei corinthiano também. Os garotos da escola, do bairro e até meu irmão que era santista zombavam de mim porque meu time não ganhava títulos. Não era fácil a vida de um corinthiano naquele tempo. O único título de que me lembro foi de um tal torneio Laudo Natel que não tinha valor algum ante os títulos dos campeonatos paulista, brasileiro, libertadores da américa e mundial que os concorrentes vinham ganhando. Mas eu não me importava, se meu pai sofria e suportava, eu também podia fazê-lo, afinal, eu sentia que algum dia a gente seria campeão. E foi em 77 que o tão esperado título chegou, após 23 anos de espera. Meu pai ficou feliz, claro, e eu também. Comemoração juntos nem pensar. Ele era um tipo reservado, de poucas palavras, sisudo quando estava em casa e não demonstrava nenhuma espécie de sentimento afetivo. Fora de casa contava piadas e fazia os outros rirem, adorava uma festa. Nunca entendi seu comportamento e não tinha a oportunidade de perguntar nada porque não havia diálogo, não era possível dizer-lhe que o amava e jamais ouvi de seus lábios que me amava, mas eu sabia que de alguma maneira tínhamos amor um pelo outro. Eu ficava feliz quando o via feliz e ficava triste quando ele estava triste.
Os anos se passaram e muitos outros títulos comemoramos, mas nunca juntos. O máximo que eu conseguia quando ligava para falar com minha mãe e ele atendia era dizer – e aí pai, campeão de novo hein – e ele falava – pois é – e chamava minha mãe ao telefone. Ele se foi no ano 2000, justamente quando nosso time ganhou o título máximo, o mundial da Fifa. De lá pra cá foram muitas alegrias até o ano de 2007, quando nosso glorioso timão fora rebaixado para a segunda divisão do campeonato brasileiro. Ainda bem que meu pai não viu senão ele iria sofrer e eu sofreria em dobro, por mim e em solidariedade a ele. Mas senti falta por não poder comentar com ele esse fracasso, mesmo sabendo que ouviria apenas um “pois é”.
Eu nunca disse a ele que era corinthiano por sua causa, mesmo assim o agradeço porque aprendi com ele a amar o Corinthians e a paixão de um corinthiano é uma coisa inexplicável. A frase “nunca vou te abandonar” criada pelo departamento de marketing após o rebaixamento à segunda divisão já vive em mim desde sempre, que comecei a amar esse time na pior época de sua história. Talvez em minha cabeça de menino e mesmo agora de homem eu acredite que ao demonstrar meu amor pelo time do coração de meu pai, ele, de alguma maneira, entendia que essa era a minha forma de dizer que o amava também.
Por isso, para mim, ser corinthiano é uma questão que vai muito além do futebol, tem a ver com o desejo de ter algo em comum com uma pessoa que me era muito importante mas que de alguma forma, sem explicação, me era inacessível: meu pai. Pois é!
Torça pela vida, doe sangue!

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DIAS VAZIOS

Quem é apaixonado por futebol deve ter o mesmo sentimento que eu quando chega dezembro e cessam os jogos oficiais, o sentimento de dias vazios, principalmente os domingos. Mesmo envolvido em tanta correria de festas de fim de ano e sabendo que os jogadores precisam descansar para enfrentarem mais um ano de muito trabalho de janeiro a dezembro, fica a sensação de que falta alguma coisa. Resta acompanhar nos noticiários a movimentação no mercado de jogadores, quem vai embora, quem chega para recompor o elenco e nada mais. Felizmente este ano nós, corinthianos, temos o título do brasileirão para comemorar enquanto a bola não rola nos gramados de novo. Não vejo a hora de isso acontecer em 2012, que será um ano muito especial para o Timão, o ano em que comemoraremos nosso primeiro título da Libertadores. Vai Corinthians!
A você, meu irmão corinthiano desejo um feliz ano novo.
Em 2012 torça pela vida. Doe sangue!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MISSÃO IMPOSSÍVEL?

Vencer a equipe do Barcelona é uma missão impossível? Talvez, mas o Santos poderia ter dificultado um pouco as coisas. A apatia dos meninos da vila diante de Messi e seus companheiros foi tanta que fiquei com a impressão de que tratava-se de uma pelada beneficente de fim de ano entre profissionais da bola e um combinado de artistas, tamanha a disparidade na qualidade do jogo entre as equipes. Parece que o Messi é um bruxo que hipnotiza os adversários e não os deixa jogar o futebol que sabem ou sequer pegarem na bola, impressionante. A equipe do Santos de Neymar e Ganso está longe de ser medíocre, porém alguma coisa mágica aconteceu naquele jogo que nem parecia uma final de mundial. A derrota do Santos só não foi mais desastrosa do que a do Internacional diante do Mazembe porque, afinal, o adversário é o melhor time do mundo da atualidade, porém, o que impressionou não foi tanto o jogo envolvente do Barcelona, que já era esperado, mas a falta de jogo do Santos. Os meninos ficaram tão deslumbrados com o toque de bola do adversário que acabaram por assistirem ao jogo em vez de jogarem. Como dizem por aí, não existe time imbatível, mas é bom os times brasileiros acordarem para um tipo de jogo esquecido há muito aqui no Brasil, que fez com que o mundo ficasse maravilhado com nosso futebol nos tempos de Pelé, Gérson, Zico, Sócrates, Falcão só para citar alguns. O Timão também teve uma equipe à la Barcelona nos tempos de Rincón, Marcelinho, Ricardinho, Edilson e cia. Dava gosto ver aquele time jogar, era certeza de vitória sem sofrimento. Acho que está na hora dos bons tempos voltarem porque com certeza o Timão estará na final do mundial Fifa de 2012 e poderá vir a se confrontar com o Barcelona. Eu acredito.    

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

TITE FICA OU VAI?











Terminou o campeonato mas o presidente do Timão Andrés Sanches ainda tem mais algumas rodadas para cumprir, a contratação de jogadores e a renovação de contratos, dentre eles o do treinador Tite. Tudo parecia encaminhado mas o caldo engrossou. O procurador de Tite apresentou ao presidente Andrés uma proposta de  salário acima do teto estabelecido pelo clube. Nesse embate fico com o presidente, que na minha opinião foi o melhor que o Timão já teve em toda a sua história, não tanto por conquistas de títulos mas pela maneira profissional e transparente com a qual comandou o clube durante sua gestão, tanto que o Corinthians hoje é uma marca reconhecida mundialmente e está no caminho para conquistar tudo o que o corinthiano almeja. O sonho do estádio está concretizado, é um legado que o Andrés deixará e que jamais será apagado da história. Outro legado é a maneira de comandar o clube que deve ser preservada por seus sucessores. Diante disso, se o Tite realmente pensar como falou numa entrevista que "é melhor ter estabilidade e ganhar menos" do que ganhar uma fortuna e não saber se estará empregado no dia seguinte a uma derrota, ele aceitará a proposta do Timão e permanecerá, caso contrário, como disse o próprio presidente "que se vá e seja feliz". É essa responsabilidade e compromisso que o Corinthians espera ter da nova diretoria. O Andrés bancou a permanência do Tite no momento crítico e o Tite deu o retorno levando o time ao título, portanto, ninguém deve nada a ninguém, mas se o técnico sair por desacordo salarial o discurso dele terá sido vazio.
Torça pela vida, doe sangue!

domingo, 4 de dezembro de 2011

CAMPEÃO DOS CAMPEÕES


Faltava só 1 ponto, e ele veio. Num jogo marcado pelo pragmatismo, sem muitas emoções de ambos os lados, o Timão conquistou o pentacampeonato brasileiro justamente em cima do arquirrival Palmeiras, o que deu um sabor a mais nesta conquista. Jogou com inteligência, com o regulamento e o fez bem. Durante todo o decorrer do campeonato o Corinthians  mostrou competência, raça, regularidade e disciplina tática que o fizeram liderar a competição por 27 das 38 rodadas. Os maiores responsáveis por esta conquista foram, sem dúvida, o presidente Andrés Sanchez e o técnico Tite. O presidente por ter apostado no Tite e o mantido no cargo mesmo em meio às pressões após o fracasso na reta final do campeonato de 2010 e a humilhante eliminação na pré libertadores, e o técnico por ter uma  filosofia de trabalho bem definida e ter conseguido, através de sua liderança, transmiti-la aos jogadores que a assimilaram perfeitamente. Estão todos de parabéns, diretoria, comissão técnica e elenco de jogadores, titulares e reservas, pois todos participaram da brilhante jornada que culminou com título do campeonato. Foi uma explosão de alegria com uma pitada de tristeza pela morte de um dos nossos grandes ídolos, Dr. Sócrates, o Magrão, o cara que mostrou ao mundo que jogador de futebol pode sim ser inteligente, politizado e ter senso crítico ao liderar o movimento chamado Democracia Corinthiana num momento em que a palavra democracia era praticamente proibida no país. Sócrates foi um pensador do futebol, com suas jogadas geniais e seu calcanhar mágico que encantaram não só corinthianos, mas todos os apaixonados por futebol. Vai ficar na lembrança de todos nós, com certeza. A conquista de hoje foi dedicada ao doutor que dizem, falou em 1983: "quero morrer num domingo com o Corinthians campeão". Ele era tão gente boa que seu pedido foi atendido. Hoje finalmente pude soltar o grito "é campeão"! A emoção foi ainda maior por eu estar com minha pequena Maria Clara, de apenas 6 meses no colo, comemorando comigo. Com mais esta conquista os mais de 30 milhões de fiéis puderam cantar o hino numa só voz: "salve o Corinthians, o campeão dos campeões, eternamente dentro dos nossos corações!"
Parabéns Corinthians, parabéns Corinthianos, o brasileirão 2011 é nosso!

"Corinhians não é apenas um time e sua torcida, é um estado de espírito". Dr. Sócrates