segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O PRIMO DO BASÍLIO


Ele falava pra todo mundo lá na padaria do "seu Manoel" no bairro do Mandaqui, que era primo do herói corinthiano Basílio, autor do famoso gol que deu o título do Campeonato Paulista de 1977 ao Timão e libertou a Fiel de um sofrimento de 23 anos sem títulos. Com essa história José Roberto Basílio, o Zoca como é conhecido, se tornou figura emblemática no bairro.
Ele participava das peladas nos campos e quadras das redondezas desde garoto, mas nunca demonstrou ter qualquer inclinação para o futebol. Os amigos o deixavam participar na esperança de algum dia serem premiados com a visita do primo ilustre e, quem sabe, ganharem um autógrafo seu. Porém, jamais alguém tinha visto o Zoca na companhia de seu primo famoso, o João Roberto Basílio, ou apenas Basílio no meio futebolístico. Ele também nunca havia mostrado pelo menos uma foto ao lado do jogador, nem tampouco um autógrafo e nem mesmo uma camisa 8 do Timão dos anos 70, o que poderia até serem aceitos como prova de seu parentesco. Mas nada. Apenas a semelhança do nome e o mesmo sobrenome é que davam sustentação ao figurão Zoca. O "seu" Manoel, dono da padaria onde o pessoal se encontra todo sábado depois das peladas pra tomar umas geladas e jogar conversa fora ficava indignado.

Certo dia ele pôs uma pressão em cima do Zoca:
-Ó gajo, tu falas aos quatro cantos que és primo do tal Basílio, o herói corinthiano, mas até hoje nunca ninguém te viu com el', ó pá! Que raio de parentesco é iesse, homem? Pelo que sabemos o tal Basílio não é esnobe nem nada, é um gajo bestial. O que passa?
-Ah "seu" Manoel, sabe como é né. Gente famosa não gosta de ficar por aí dando mole. Tem que preservar a imagem. Meu primo é muito reservado. Mas eu vou sempre à casa dele, quando faz churrasco me convida.
-Está certo, se tu dizes eu acredito, mas tu vais fazer uma coisa por mim.
-Diga lá portuga, o que é? - falou o Zoca.
-O Basílio começou a carreira na minha querida Lusa, ó pá. Então, quando fores à casa del' eu vou mandar uma camisa da briosa para el' autografar pra mim.

Por essa o Zoca não esperava. Gaguejou e falou:
-"Seu" Manoel, vai ser um prazer fazer isso para o senhor, mas vai ser assim, de graça?
-Eu sabia que tu não me farias um favor desses a troco de nada não é. Pois bem, que todos sejam testemunhas que no dia que trouxeres a minha camisa da Portuguesa autografada pelo teu suposto primo Basílio, terás direito, tu e teus amigos a beberem cerveja de graça, todo sábado por um mês neste estabelecimento.

Os olhos de Zoca brilharam e a euforia dos amigos foi grande. Porém o "seu" Manoel, que não é burro nem nada completou:
-Mas tem uma condição aí, não penses que vai ser assim tão fácil, ó pá.
-Pode falar "seu" Manoel, qualquer coisa eu aceito.
-Você e seus amigos poderão beber cerveja de graça todo sábado, durante um mês neste estabelecimento, desde que teu suposto primo Basílio esteja junto, confere?

Enquanto "seu" Manoel dava gargalhadas alisando o bigode os amigos de Zoca ficaram calados olhando um para a cara do outro na certeza de que não teriam cerveja de graça coisa nenhuma.
Porém o Zoca respondeu:
-"Seu" Manoel, me dá cá a camisa da Lusa e pode encher suas geladeiras que no próximo sábado já vai ter cervejada aqui.
-É o que vamos ver, é o que vamos ver "seu" Zoca.

E Zoca pegou a camisa das mãos do português e se foi.
Passada uma semana, no sábado seguinte, no fim da tarde como de costume, a turma que havia jogado uma pelada se reuniu na padaria do "seu" Manoel, porém o Zoca não estava presente.
O semblante do português ficou sério e com ares de preocupado perguntou aos presentes:
-Onde está aquel' tratante? Cadê o Zoca com a minha camisa da Lusa? Será que perdi o freguês e a minha adorada camisa da briosa? Era só o que me faltava, como fui acreditar naquel' mentiroso?

De repente, para a surpresa de todos entra na padaria o Zoca com a camisa da Portuguesa devidamente autografada por Basílio e com uma inscrição: "cerveja tem que ser bem gelada". 
O portuga quase caiu das pernas. Zoca então falou:
-Portuga, desce cerva bem gelada para mim, para meus amigos e para meu primo Basílio.
E eis que para a admiração de todos e desespero do "seu" Manoel entra no seu estabelecimento o grande ídolo da nação corinthiana Basílio, autor do gol mais famoso do Brasil e fala:
-Nunca duvidem do que  um Basílio é capaz.

E durante os quatro sábados seguintes a rotina na padaria do "seu" Manoel foi a mesma. Cerveja de graça para os amigos do Zoca e para o primo Basílio.
Até hoje não se sabe se o Basílio é mesmo primo do Zoca, mas que ele gosta de uma cervejinha, isso é sabido por todos.  
Sangue bom a gente doa.
Doe sangue!


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

MOSQUETEIROS: UM POR TODOS E TODOS POR UM. SERÁ?











O mascote do Corinthians é o mosqueteiro, símbolo de alguém que luta e se entrega por uma causa e por seus companheiros, cujo lema é "um por todos e todos por um". O Timão tem esse histórico e foi graças à esse espírito de mosqueteiro que conquistou tantos títulos, muitas vezes até sem ter um elenco muito capacitado. Nos últimos 3 anos, sob o comando de Tite e sem nenhuma estrela de primeira grandeza, conquistamos o 5º Campeonato Brasileiro, a tão desejada e inesquecível 1ª Copa Libertadores, o 2º Campeonato Mundial da Fifa, o 27º Campeonato Paulista e a nossa 1ª Recopa Sulamericana. Um desempenho fantástico para um time sem nenhum figurão.
Então vieram os reforços e entre eles um com status de estrela; Alexandre Pato. Mesmo com um histórico de contusões e sem atuar há muito tempo pelo Milan a diretoria contratou o jogador por meros 40 milhões de reais e por um salário acima da média dos demais que já estavam no elenco e que haviam ganhado 3 títulos importantes. Ele chegou e ficou em tratamento, demorou para estrear e até estreou bem, fazendo gol, que é sua principal característica. Porém o tempo foi passando e seu futebol não apareceu como era esperado. Os gols foram poucos e muitos inacreditavelmente perdidos. O time caiu de produção como num passe de mágica. Parece que todos desaprenderam a jogar futebol, a ponto de ficarem 7 jogos sem vencer e 4 jogos sem marcar gols. 
Não sou analista de futebol, mas conheço muito bem trabalho em equipe e por isso mesmo arrisco-me a dizer que o que aconteceu com o Corinthians é sintomático. A presença de um elemento estranho, com status e salário elevado e baixa produtividade fez com que o grupo se ressentisse e deixasse de dar o seu melhor. Claro que existem exceções e o próprio Corinthians teve a sua com a vinda do Ronaldo, mas aí é outra história. Além do grande carisma dele, ele mostrou mais uma vez uma grande superação e quando entrava em campo dava o seu máximo, fazia golaços e levava a galera e os companheiros à loucura. Os jogadores se desdobravam por ele, o que já não acontece com o Pato. A permanência do Tite é fundamental. O elenco precisa ser oxigenado, mas não trocar muitas peças, porém, na minha opinião, a saída do Pato é crucial para que o time volte a ser o grande mosqueteiro que sempre foi.